segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A Quarta Teoria Política


A Quarta Teoria Política

Por: Alexandr Dugin
Tradução: Carlos Bezerra, UFPB.
* Texto da palestra dada na UFPB no III Encontro Nacional Evoliano.

No mundo atual, a política parece ter acabado, pelo menos como nós a conhecemos. O liberalismo persistentemente lutou contra seus inimigos políticos que haviam oferecido sistemas alternativos; isto é, o conservadorismo, o monarquismo, o tradicionalismo, o fascismo, o socialismo, e o comunismo, e finalmente ao fim do século XX havia derrotado todos eles. Seria lógico assumir que a política se tornaria liberal, enquanto todos os seus oponentes marginalizados reconsiderariam suas estratégias e formulariam uma nova frente unida segundo a periferia contra o centro de Alain de Benoist. Mas, ao invés, no início do século XXI, tudo seguiu um roteiro diferente.
O liberalismo, que sempre havia insistido na minimalização da política, tomou a decisão de abolir a política completamente após seu triunfo. Talvez isso tenha sido para prevenir a formação de alternativas políticas e para tornar seu domínio eterno, ou porque a agenda política havia simplesmente expirado com a ausência de rivais ideológicos, cuja presença Carl Schmitt havia considerado indispensável para a construção adequada de uma posição política. Independentemente da razão, o liberalismo fez tudo o possível para garantir o colapso da política. Ao mesmo o tempo, o próprio liberalismo mudou, passando do plano das idéias, programas políticos e declarações para o plano das coisas, penetrando na própria carne da realidade social, a qual se tornou liberal. Isso foi apresentado não como um processo político, mas como um processo natural e orgânico. Como consequência de tal virada histórica, todas as outras ideológicas políticas, lutando apaixonadamente uma contra a outra durante o último século, perderam sua vigência. O conservadorismo, o fascismo, e o comunismo, junto com suas variações secundárias perderam a batalha e o liberalismo triunfante transmutou-se em um estilo de vida: consumismo, individualismo, e uma iteração pós- moderna do ser fragmentado e subpolítico. A política se tornou biopolítica, passando ao nível individual e sub-individual. Acontece que não foram apenas as ideologias políticas derrotadas que deixaram o palco, mas a política, enquanto tal, incluindo o liberalismo, que também se retirou. É por essa razão que a formação de uma alternativa se tornou tão difícil. Aqueles que não concordam com o liberalismo se encontram em uma situação difícil – o inimigo triunfante se dissolveu e desapareceu; eles estão lutando contra o ar. Como se pode engajar na política, se não há política?
Há apenas uma saída – rejeitar as teorias políticas clássicas, tanto vitoriosas como derrotadas, empenhar a imaginação, tomar a realidade do novo mundo global, decifrar corretamente os desafios da Pós- Modernidade, e criar algo novo – algo para além das batalhas políticas dos séculos XIX e XX. Tal abordagem é um convite ao desenvolvimento da Quarta Teoria Política – para além do comunismo, do fascismo, e do liberalismo.
Para avançar em direção ao desenvolvimento dessa Quarta Teoria Política, é necessário:
Reconsiderar a história política dos últimos séculos desde novas posições para além das estruturas e clichês das velhas ideologias; Perceber e se tornar consciente da estrutura profunda da sociedade global emergindo diante de nossos olhos;
Decifrar corretamente o paradigma da Pós-Modernidade;
Aprender a se opor não à idéia, programa ou estratégia política, mas ao status quo “objetivo”, o aspecto mais social da (pós-)sociedade fraturada e apolítica;
Finalmente, construir um modelo político autônomo que ofereça um caminho e um projeto no mundo de encruzilhadas, becos-sem-saída, e reciclagem infindável das mesmas coisas “velhas” (pós-história, segundo Baudrillard).
Esse livro é dedicado a esse problema mesmo – como o início do desenvolvimento de uma Quarta Teoria Política, através de um panorama e um reexame das três primeiras teorias políticas, e de suas ideologias próximas, como nacional-bolchevismo e o eurasianismo que se aproximaram bastante, de fato, da Quarta Teoria Política. Este é um convite à criatividade política, uma declaração de intuições e conjecturas, uma análise de novas condições, e uma tentativa de reconsideração do passado.
A Quarta Teoria Política não nos parece como a obra de um único autor, mas como uma tendência de um amplo espectro de idéias, pesquisas, análises, prognósticos, e projetos. Qualquer um que pense nessa vêia pode contribuir com algumas de suas próprias idéias. Não obstante, mais e mais intelectuais, filósofos, historiadores, cientistas, estudiosos, e pensadores responderão a esse chamado.
É significativo, que o livro, Contra o Liberalismo, pelo bem sucedido intelectual francês Alain de Benoist, que também é publicado em russo pela editora Amphora, possui como subtítulo Em direção à Quarta Teoria Política. Indubitavelmente, muitas coisas podem ser ditas sobre este tema por representantes tanto da velha Esquerda como da velha Direita e, provavelmente, até mesmo pelos próprios liberais, que estão conceitualizando mudanças qualitativas de sua própria plataforma política, da qual a política está desaparecendo.
Para meu próprio país, a Rússia, a Quarta Teoria Política, entre outras coisas, possui uma significância prática imensa. A maior parte do povo russo sofre sua integração na sociedade global como uma perda de sua própria identidade. A população russa havia rejeitado quase inteiramente a ideologia liberal na década de 90. Mas é também aparente que um retorno às ideologias políticas não-liberais do século XX, tais como comunismo ou fascismo, é improvável, já que essas ideologias já falharam e se provaram historicamente incapazes de se opor ao liberalismo, para não dizer nada dos custos morais do totalitarismo.
Portanto, de modo a preencher esse vácuo político e ideológico, a Rússia necessita de uma nova idéia política. Para a Rússia, o liberalismo não se encaixa, mas o comunismo e o fascismo são igualmente inaceitáveis. Consequentemente, nós precisamos de uma Quarta Teoria Política. E se para alguém essa é uma questão de liberdade de escolha, a realização da vontade política, que sempre pode ser dirigida tanto a uma asserção e sua negação, então para a Rússia – essa é uma questão de vida e morte, a eterna questão de Hamlet.
Se a Rússia decidir “ser”, então isso significa automaticamente a criação de uma Quarta Teoria Política. Do contrário, para a Rússia resta apenas a opção de “não ser”, e então deixar o palco histórico e mundial, e se dissolver no mundo global, nem criado ou governado por nós.

Nova Estratégia Política
ALIANÇA GLOBAL REVOLUCIONÁRIA
Situação do fim

1. Vivemos no fim do ciclo histórico. Todos os processos que constituem o fluir da história chegam a um impasse lógico.
a. O fim do capitalismo. O desenvolvimento do capitalismo alcançou seu limite natural. Há somente um caminho deixado para o sistema econômico mundial — desmoronar sobre si mesmo. Baseados em um progressivo crescimento de instituições puramente financeiras, primeiro bancos, e depois mais complexas e sofisticadas estruturas de ações, o sistema do capitalismo moderno se tornou completamente divorciado da realidade, do equilíbrio das relações de oferta e demanda, de produção e consumo, de conexão com a vida real. Toda riqueza do mundo está concentrada nas mãos da oligarquia financeira mundial através de complicadas manipulações de construídas pirâmides financeiras. Essa oligarquia desvalorizou não apenas o trabalho, mas também o capital ligado aos fundamentos do mercado, garantido através de arrendamento financeiro. Todas as outras forças econômicas estão no cativeiro dessa elite transnacional, impessoal, ultraliberal. Independentemente de como nos sentimos acerca do capitalismo, está claro agora, que ele não está apenas passando por outra crise, mas que o sistema inteiro está à beira do colapso total.
Não importa como a oligarquia global tenta esconder o colapso das massas da população mundial, mais e mais pessoas começam a suspeitar que isso é inevitável, e que a crise financeira mundial, causada pelo colapso do mercado hipotecário dos EUA e dos maiores bancos é apenas o início de uma catástrofe global. Essa catástrofe pode ser retardada, mas não pode ser prevenida ou evitada. A economia mundial, na forma tal qual opera agora está condenada.
b. O fim dos recursos. Na atual situação demográfica, tomando em consideração o constante crescimento da população mundial, especialmente nos países do Terceiro Mundo, a Humanidade chegou perto do esgotamento dos recursos naturais da terra, necessários não só apenas para manter os níveis de consumo, mas para pura sobrevivência em níveis mínimos. Estamos rapidamente nos aproximando dos Limites de Crescimento, e fome global, privação, e epidemias se tornarão a nova norma. Excedemos a capacidade de suporte da Terra. Portanto, encaramos uma iminente catástrofe demográfica. Quanto mais pessoas nascem hoje, maior será o sofrimento final. Esse dilema não tem fácil solução. Mas fingir que ele não existe é andar cego em direção ao pior cenário de suicídio coletivo, como uma espécie nas mãos de nosso próprio sistema econômico e crescimento.
c. O fim da sociedade. Sob a influência dos valores Americanos e Ocidentais a atomização das sociedades, desconectadas umas com as outras por qualquer vínculo, está em pleno andamento. Cosmopolitanismo e um novo nomadismo se tornam o estilo de vida mais comum, especialmente para a geração mais jovem. Isso combinado com a instabilidade econômica e a catástrofe ambiental provoca fluxos de migração sem precedentes, os quais destroem sociedades inteiras. Laços culturais, nacionais e religiosos estão quebrados, e conexões orgânicas são cortadas. Vivemos em um mundo de multidões solitárias, sociedades atomizadas pelo culto do individualismo. A solidão cosmopolitana se torna a norma, e implode identidades culturais. Sociedades são substituídas pelo nomadismo e a frieza da rede digital, a qual dissolve coletividades orgânicas históricas. Ao mesmo tempo cultura, linguagem, moralidade, tradição, valores e a família enquanto uma instituição desaparece.
d. O fim do indivíduo. A divisão do indivíduo em seus componentes torna-se a tendência dominante. Identidades humanas estão em redes virtuais, personas online, e no impulso à separação, virando um jogo de elementos desorganizados. Paradoxalmente quando um abandona sua integridade, ele ganha mais liberdade, mas à custa de alguém, que poderia melhor tomar vantagem dela. A cultura pós-moderna exporta compulsivamente pessoas para os mundos virtuais de telas planas e as remove da realidade, capturados pelo fluxo de alucinações sutilmente organizadas e habilmente manipuladas. Esses processos são gerenciados pela oligarquia global, que procura fazer as massas do mundo complacentes, controláveis e programáveis. Nunca antes o individualismo foi sido tão glorificado, mas ao mesmo tempo, nunca antes as pessoas ao redor do mundo têm ficado tão parecidas umas com as outras em seus comportamentos, hábitos, aparências, técnicas e gostos. Na perseguição dos "direitos humanos" individualistas a humanidade perdeu a si mesma. Em breve o homem será substituído pelo pós-humano: um mutante, clonado, andróide.
e. O fim das nações e das pessoas. A globalização e o governo global interferem nos afazeres domésticos dos estados soberanos, apagando-os um a um, e sistematicamente destruindo toda a identidade nacional. A oligarquia global procura derrubar todas as barreiras nacionais, que poderiam impedir sua ubíqua presença. Corporações transnacionais põem seus interesses acima dos interesses nacionais e das administrações estatais, os quais levam dependência a sistemas externos e a perda de independência à interdependência. O sistema internacional de estados é suplantado e substituído pelas estruturas da oligarquia financeira global. Países ocidentais e monopólios formam o núcleo desse governo global, e então gradualmente integram as elites econômicas e políticas dos estados não-ocidentais Assim, as elites nacionais anteriores tornam-se cúmplices dos processos de globalização, traem os interesses de seus estados e concidadãos, formando uma classe global transnacional que tem mais em comum uns com os outros do que com os seus concidadãos anteriores.
 f. O fim do conhecimento. A mídia da massa global cria um sistema de total desinformação, organizada em concordância com os interesses da oligarquia global. Apenas aquilo que é reportado pela mídia global constitui "realidade". A palavra da mídia global se torna a "verdade auto-evidente", de outra forma também conhecida como "Sabedoria Convencional". Pontos de vista alternativos podem se espalhar nos interstícios das redes de comunicação globais, mas são condenados à periferia, porque o apoio financeiro é fornecido por apenas aqueles veículos, que servem os interesses da oligarquia mundial, ou seja, o capital. Quando opiniões críticas passam de um limiar e se tornam uma ameaça ao sistema, os instrumentos clássicos de repressão são convocados: pressão financeira, subavaliação, demonização, perseguição legal e física. Em tal sociedade, todo o sistema de conhecimento torna-se um objeto de moderação por essa elite de mídia global transnacional.
g. O fim do progresso.  Durante os últimos séculos, a humanidade tem vivido pela fé no progresso e esperança de um futuro melhor. A promessa deste foi visto no desenvolvimento de metodologia positivista, o acúmulo de conhecimento e descobertas científicas, e uma evolução percebida de humanismo e de justiça social. Progresso parecia ser garantido e auto-evidente. No século 21, essa crença é compartilhada por apenas os ingênuos, que deliberadamente fecham os olhos para a realidade, em troca de uma recompensa de privilégio material e paz de espírito. Mas esta crença no progresso refuta a si mesma. Tanto o homem quanto o mundo não estão ficando melhores, mas, pelo contrário, estão rapidamente se degenerando, ou, pelo menos, continuam a ser tão cruéis, cínicos e injustos como sempre. A descoberta desse fato leva ao colapso da cosmovisão humanista. Só os conscientemente cegos escolhem não ver que, sob os duplos padrões do mundo Ocidental, sob os cativantes slogans sobre direitos humanos e liberdade, está a vontade egoísta de colonizar e controlar. O progresso não só não está garantido, mas é improvável. Se as coisas continuarem a se desenvolver como estão hoje, os prognósticos mais pessimistas, catastróficos, e apocalípticos do futuro se concretizarão.
2. Em geral, estamos lidando com o fim de um vasto ciclo histórico, cujos parâmetros básicos estão exaustos e contrariados, e cujas expectativas associadas estão apagadas ou foram decepcionadas. O fim do mundo não acontece simplesmente, ele se desenrola diante de nossos olhos. Nós somos tanto observadores quanto participantes no processo. Anuncia-se o fim da civilização moderna ou o fim da humanidade? Ninguém pode prever, com certeza. Mas a escala do desastre é tal que não podemos excluir que os estertores agonizantes do mundo centrista-ocidental global vão nos arrastar a todos para o abismo com eles. A situação torna-se ainda mais dramática pelo fato de que, é através das existentes instituições de governança global e das finanças internacionais que a oligarquia transnacional dita o mundo. Esses processos catastróficos não podem voltar ao normal quando seus limiares são atingidos, e impulsionados por sua própria inércia eles já não podem ser interrompidos, nem podem seus cursos ser mudados, pois a gradação das principais tendências não permite uma manobra brusca de mudança de trajetória.
3.  A situação atual é intolerável, não somente como ela é, mas para onde ela está caminhando. Hoje – uma catástrofe, amanhã – suicídio em alta escala. A humanidade tem roubado o futuro de si mesma. Mas o homem se difere dos animais por ter um horizonte histórico. Mesmo que em um dado momento não perceba todas as exigências da situação, o conhecimento do passado e previsão de um futuro manufaturado reproduz ambas as perspectivas otimista e ameaçadora - a utópica e a distópica. Vendo o caminho que andamos no passado sobre os nossos ombros, e olhando para o caminho à frente, não podemos nos dar ao luxo de subestimar ou deixar de notar que o caminho que estamos no leva à nossa condenação. Somente aqueles que estão privados do pensamento histórico, reduzidos a uma existência de "consumidores" de um fluxo cada vez mais agressivo de publicidade, entretenimento estúpido, e de desinformação, e que são cortados da educação e cultura, podem ignorar o horror da situação real. Apenas o bruto ou o mecanismo de consumo - o pós-humano, não pode reconhecer no mundo a catástrofe que se tornou.
4. Aqueles que salvaram pelo menos um grão de independência e intelecto livre não podem ajudar, só se perguntar: qual a razão dessa situação? Quais as origens e ganchos do desastre? Está agora claro que a causa é a civilização Ocidental — seu desenvolvimento tecnológico, individualismo, a busca da liberdade a qualquer custo, materialismo, reducionismo econômico, egoísmo, fetiche por dinheiro — que é, essencialmente a totalidade da ideologia capitalista-burguesa liberal. A causa também se situa na crença racista das sociedades Ocidentais de que seus valores e crenças são universais, ou seja, as melhores e obrigatórias para o resto da humanidade. Se no início esta paixão deu resultados positivos – dinâmicas engendradas, possibilidades abertas de humanismo, uma zona estendida de liberdade, uma situação material melhorada para alguns, e a abertura de novas e desconhecidas perspectivas – então, depois de atingir os seus limites, as mesmas tendências começaram a produzir os resultados opostos: a técnica passou de um instrumento a um princípio auto-suficiente (a perspectiva da revolta da máquina); o individualismo foi levado ao extremo, sendo privada a liberdade da própria natureza, perdendo o seu sujeito, a idolatria do material levando à degradação espiritual, sociedade destruída pelo egoísmo, o poder absoluto do dinheiro explorando o trabalho e exorcizando o espírito empreendedor do capitalismo, e a ideologia liberal destruindo qualquer forma de solidariedade social, cultural ou religiosa. No Ocidente, esse curso cresceu na lógica de seu desenvolvimento histórico, mas no resto do mundo, os mesmos princípios foram impostos pela força, por práticas coloniais e imperialistas, sem levar em conta as especificidades das culturas locais. O Ocidente, depois de ter enveredado por este caminho na era moderna, não só trouxe para si um final lamentável, mas também causou danos irreparáveis a todas as outras nações da terra. Isso não seria universal, no verdadeiro sentido da palavra, mas ele e seu curso catastrófico se fizeram universais e globais, de tal forma que não é mais possível separar ou isolar alguma nação a partir dele. A única mudança possível é desarraigar, raiz e ramo, todo o sistema e paradigma. E apesar do fato de que em sociedades não-ocidentais a situação é um pouco diferente, simplesmente ignorando o desafio do Ocidente não se pode mudar nada. As raízes do mal são profundas demais. Elas deveriam ser claramente entendidas, compreendidas, identificadas, e postas em holofotes. Ninguém pode lutar contra as conseqüências sem entender as causas.
5. Como existem causas para a atual situação desastrosa, de igual modo, há aqueles cujos interesses dependem do status quo - que querem lucro a partir dele, estes são responsáveis por isso, apoiam, reforçam, protegem e guardam-no, bem como evitam que mude o seu curso de consecução e implantação. Essa é a classe oligárquica transnacional-global, a qual inclui o núcleo político, financeiro, econômico, militar-estratégico da elite mundial (maioria Ocidental). Uma ampla rede de intelectuais a servir, e executivos e magnatas da mídia formam um séquito leal de globalistas. Tomados em conjunto, a oligarquia global e seus atendentes são a classe dominante do globalismo. Ela inclui os líderes políticos dos Estados Unidos, magnatas econômicos e financeiros, e os agentes da globalização que os servem e maquiam a gigantesca rede planetária na qual os recursos são alocados para aqueles que são leais ao principal curso da globalização, bem como os fluxos de manipulação de informações, lobbys políticos, culturais, intelectuais e ideológicos, coletas de dados, a infiltração nas estruturas daqueles Estados que ainda não tenham sido ainda totalmente privados de sua soberania, assim como a corrupção pura e simples, o suborno, a influência, o assédio dos indesejados, etc. Esta rede globalista consiste de múltiplos níveis, incluindo as missões políticas e diplomáticas, assim como as corporações multinacionais e sua gestão, redes de mídia, comércio global e estruturas industriais, organizações não-governamentais e fundos, e assim por diante. A catástrofe, na qual todos nós nos encontramos, e que está chegando ao seu auge, tem uma natureza feita pelo homem - existem forças que estão interessadas em manter o status quo. Essas são os arquitetos e gerenciadores do mundo egocêntrico hiper-capitalista global. Eles são responsáveis por tudo. A oligarquia global e sua rede de agentes são a raiz do mal. O mal é personificado na classe política global. O mundo é como é, porque alguém quer que seja assim, e coloca muito esforço em torná-lo assim. Essa vontade é a quintessência do mal histórico. Mas se isso for verdade, e alguém for responsável pela situação presente, então a oposição e a discórdia com o status quo obtém seu destinatário. A oligarquia global se tornou a inimiga de toda a humanidade. Mas a presença de um inimigo identificável oferece a chance de derrotá-lo, uma chance para a salvação, e para a superação da catástrofe.

Revolução imperativa

1. Contra a ordem existente, percebida como um mal intolerável, como uma patologia e a crise que conduzirá inevitavelmente à catástrofe e ao suicídio da civilização, é necessário propor uma alternativa beau ideal, o padrão , o projeto daquilo que não existe no momento, mas que deveria existir. Portanto, trata-se um projeto normativo. Mas a oligarquia global não desistirá de seu próprio poder gratuitamente sob nenhuma circunstância. Seria inocência pensar de outra forma. Por conseguinte, a tarefa é desalojá-la de sua posição, arrancando-a do poder, e tomando-o à força. Isso pode ser feito apenas sob uma condição: se todas as forças, insatisfeitas com a atual situação agissem juntas em concerto. Esse princípio da ação conjunta é um fenômeno único da história recente, o qual se tornou global. A oligarquia global põe seu domínio a nível planetário. Sua natureza global não é uma qualidade secundária, mas reflete sua essência. Essa oligarquia global ataca todas as pessoas, nações, estados, culturas, religiões e sociedades. Não alguns tipos, não alguns regimes, não qualquer objetivo particular selecionado de ataque. Essa elite vem frontalmente e totalmente, buscando tornar todas as áreas da Terra na zona de sua Hegemonia. Mas nessas áreas há diferentes sociedades, diferentes culturas, diferentes pessoas, diferentes religiões, que ainda não perderam sua natureza original completamente. A globalização traz uma morte cultural a todas elas, e elas entendem isso ou sentem isso intuitivamente. Mas na situação atual nenhum país, por si próprio, tem poder suficiente para prover efetiva resistência à oligarquia global. Mesmo se você combinar os esforços de uma ou outra cultura, ou uma ou outra comunidade regional, que vão além das fronteiras de um simples país, essas forças estarão longe de serem iguais aos da oligarquia global. Apenas se toda a humanidade se tornar consciente da necessidade de uma oposição radical ao globalismo, haverá uma chance de fazer uma efetiva e resistente luta. Ação conjunta não requer que nós estejamos brigando pelos mesmos ideais ou que estejamos em solidariedade com os padrões os quais substituirão a atual catástrofe e patologia. Esses ideais podem ser diferentes, e até, em algum degrau, conflitantes, mas nós todos precisamos nos dar conta que se não estivermos aptos a exterminar a oligarquia global, todos esses projetos ficarão irrealizados, e perecerão em vão. Se encontrarmos inteligência suficiente, vontade, sobriedade e coragem em nós mesmos para agir juntos contra a oligarquia global dentro da estrutura de uma Aliança Revolucionária Global, teremos uma chance, uma oportunidade aberta não apenas para lutar sob igual condição, mas também para obter sucesso. As diferenças entre nossas sociedades e suas normas importarão apenas depois do extermínio da oligarquia global. Resistência à Hegemonia é a primeira e única obrigação. Até que a Hegemonia seja efetivamente neutralizada ou marginalizada, as contradições dos vários projetos sociais estarão nas mãos da oligarquia global, agindo sob o princípio antiquíssimo de todos os impérios: ‘dividir para conquistar’. A revolução global tem dois aspectos: a unidade do que deve ser destruído, e a multiplicidade do que deve ser aprovado.
2. A revolução do século XXI não pode ser uma simples reiteração das revoluções dos séculos XIX ou XX. As revoluções anteriores algumas vezes avaliaram corretamente as falhas dos regimes os quais eles se direcionavam contra. Mas o panorama histórico não permitiu uma realização das mais versáteis e profundas raízes do mal. As agressões nas características verdadeiramente patológicas do moderno sistema global foram julgadas de forma injusta, alienada e usurpou o poder, e unificou menores e incidentais elementos históricos e sociológicos que não merecem tal rejeição severa. As revoluções anteriores muitas vezes perderam o foco, ao invés de atingir o mal, elas afetaram algo, o qual ao contrário, muitas vezes merecia preservação e restauração. Esse mal nas fazes anteriores estava oculto, camuflado, e às vezes as próprias revoluções continham elementos desse espírito, o qual ajudou a hoje levar à tirania da oligarquia global, a qual opera através de ambos os setores financeiros e de mídia, entre outros. Além disso, as revoluções anteriores muitas vezes procederam dentro de fronteiras de condições locais, e mesmo quando elas alegaram ser globais, elas nunca possuíram essa escala. Apenas hoje há condições maduras para uma revolução se tornar realmente global. Vez em que o sistema, contra o qual é direcionado, já é global, na prática, não meramente na teoria. Outra característica das revoluções anteriores foi que elas puseram adiante modelos sócio-políticos alternativos claros, os quais eles mesmos intendiam ou aspiravam à universalidade frequentemente. Se nós agora repetirmos esses caminhos, inevitavelmente afastaremos da revolução muitos que procuram uma alternativa (através do prisma de sua sociedade, sua história, e sua cultura) e aqueles que querem um futuro diferente para eles mesmos, mas diferente de outros revolucionários, contra a oligarquia global. Desde então, a revolução do século XXI precisa ser verdadeiramente planetária e plural em seus objetivos últimos. Todas as nações da terra precisam se revoltar juntas contra a ordem do mundo existente, operando um tandem, mas em nome de ideais diferentes e refletindo diferentes normas. Para termos um futuro, precisamos conceber isso como um complexo buquê de oportunidades, a realização daquilo que está sendo impedido pela ordem mundial atual e pela oligarquia global. Se não esmagarmo-la todos juntos em nome de propósitos diferentes e diferentes horizontes, não teremos nem buquê, nem qualquer outro futuro. Deixe cada sociedade lutar por sua própria visão de futuro. A revolução do século XXI se sucederá apenas se dentro dessa estrutura todas as nações lutarem contra o inimigo comum em nome dos diferentes objetivos.
3. Os espetáculos que vemos hoje nas assim chamadas ‘revoluções coloridas’ não tem nada de natureza genuinamente revolucionária para eles. Elas são organizadas pela oligarquia global, são preparadas e apoiadas por suas redes. As ‘revoluções coloridas’ são quase sempre direcionadas contra aquelas sociedades ou aqueles regimes políticos, que ativa ou passivamente resistem à oligarquia global, desafiam seus interesses, e tentam manter alguma independência de sua política, estratégia, assuntos regionais e política econômica. Portanto, ‘revoluções coloridas’ ocorrem seletivamente, organizada via redes de mídia da massa distribuída pela elite globalista. Elas são uma paródia torta de revolução, e servem apenas a propósitos contrarrevolucionários.
4. A nova revolução deveria ser engrenada para ser radical derrubadora da oligarquia global, para destruir a elite mundial, para dismantelar o sistema associado ao mundo inteiro. Destruindo o coração da besta liberará as pessoas das pessoas e as sociedades do vampiro parasítico da oligarquia global. Apenas isso pode abrir o prospecto da construção de um futuro alternativo. A oligarquia global está agora dispersa por todo o mundo. Ela está presente não apenas na forma de uma estrutura hierárquica com um centro claramente definido, o núcleo, mas na forma de uma rede dispersa, distribuída por todo o mundo. O centro das tomadas de decisões não está necessariamente no lugar dos visíveis centros do gerenciamento político e estratégico do Ocidente – ou seja, nos Estados Unidos e outros centros do mundo Ocidental. A natureza específica da elite transnacional global é sua localização que é móvel e flúida, e o seu centro de tomada de decisões que é móvel e disperso. Portanto, é extremamente difícil golpear o núcleo da oligarquia global, focando apenas em sua territorialidade. Para derrotar esse mal em rede, é necessário desenraizar sua presença simultaneamente em diferentes partes da terra. Além disso, é necessário se infiltrar na própria rede, para espalhar pânico, quebrar, para infectá-la com vírus e outros processos destrutivos. Uma destruição radial da oligarquia global requer que forças revolucionárias sobrepujem os procedimentos da rede e estudem os protocolos da rede do próprio globalismo. A humanidade precisa lutar contra o inimigo em seu próprio território, porque hoje o globo inteiro é controlado de uma forma ou de outra pelo inimigo. A briga pela destruição da elite global precisa ser, portanto, não apenas em um lugar, mas sincronizada em diferentes partes do mundo, embora assimetricamente. A revolução necessita de uma estratégia de luta de guerrilha no território ocupado do espaço virtual, a revolução do século XXI precisa disso.
5. De todas as ideologias da modernidade até a presente data, apenas uma sobreviveu, incorporada no liberalismo ou capitalismo liberal. É exatamente essa, onde a cosmovisão e amatriz ideológica da oligarquia global está concentrada. Essa oligarquia global é abertamente ou veladamente liberal. O liberalismo executa uma função dupla: por um lado, ele serve como cartilha filosófica para fortalecer, preservar e expandir o poder da oligarquia global, que é, seus atos como um guia de andamento da política global; por outro lado, ele permite o recrutamento de voluntários e colaboradores em qualquer lugar do mundo que aceite os princípios e valores do liberalismo: líderes políticos, burocratas, industrialistas, comerciantes, intelectuais, a comunidade científica, os jovens, sem levar em consideração a cidadania ou nacionalidade, automaticamente gerando o meio-ambiente no qual a equipe do globalismo será recrutada. Através das redes que são definidas, informação é coletada, centros de influência são organizados, lobbys são feitos para beneficiar os interesses das corporações transnacionais, e outras estratégicas operações para estabelecer a dominação global da oligarquia global são conduzidas. Por isso que o principal impacto da revolução deve ser nos liberais em todas as suas expressões – como representantes das dimensões ideológicas, políticas, econômicas, filosóficas, culturais, estratégicas e tecnológicas. Os liberais são a concha em que a oligarquia global está escondida. Qualquer golpe no liberalismo e nos liberais, tem uma grande chance de afetar partes sensíveis da oligarquia global, seus órgãos vitais. Uma guerra total contra o liberalismo e os liberais é o vetor ideológico principal da revolução global. A revolução precisa ser de uma natureza estritamente anti-liberal. Toda e qualquer outra ideologia política pode ser considerada uma alternativa legítima e sem restrições. A única exceção é o liberalismo que precisa ser destruído, esmagado, derrubado, e tornado obsoleto.

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